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NOTÍCIA

17 de março

Cerca de 600 milhões de crianças viverão em áreas com recursos hídricos extremamente limitados até 2040

As crianças mais pobres serão as mais afetadas, uma vez que as mudanças climáticas agravam a crise de água em curso

Nova Iorque, 22 de março de 2017 – Cerca de 600 milhões de crianças – ou uma em cada quatro crianças em todo o mundo – viverão em áreas com recursos hídricos extremamente limitados até 2040, de acordo com um relatório do UNICEF divulgado neste Dia Mundial da Água.

O relatório, intitulado Thirsting for a Future: Water and children in a changing climate (“Sedentas por um futuro: Água e crianças em um clima em mudança” – disponível somente em inglês: http://uni.cf/thirstingforafuture), analisa as ameaças à vida e ao bem-estar das crianças causadas por fontes exauridas de água potável e as formas pelas quais a mudança climática intensificará esses riscos nos próximos anos.

“A água é elementar. Sem ela, nada pode crescer. Mas, em todo o mundo, milhões de crianças não têm acesso à água potável – pondo em risco a vida delas, minando sua saúde e prejudicando seu futuro. Essa crise será cada vez maior se não tomarmos, imediatamente, uma ação coletiva”, disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake.

De acordo com o relatório, 36 países enfrentam atualmente níveis extremamente altos de estresse hídrico, que ocorre quando a demanda por água excede em muito a oferta renovável disponível. Temperaturas mais quentes, aumento do nível do mar, aumento das inundações, secas e derretimento de geleiras afetam a qualidade e a disponibilidade de água, bem como os sistemas de saneamento.

O crescimento populacional, o aumento do consumo de água e a maior demanda de água, em grande parte devido à industrialização e à urbanização, estão drenando os recursos hídricos em todo o mundo. Conflitos em muitas partes do mundo também ameaçam o acesso das crianças a água potável.

Todos esses fatores forçam as crianças a usar água insalubre, o que as expõe a doenças potencialmente mortais, como cólera e diarreia. Muitos meninos e meninas em áreas afetadas pela seca gastam horas, todos os dias, coletando água, perdendo a oportunidade de ir à escola. As meninas são especialmente vulneráveis a ataques durante esses momentos.

As crianças mais pobres e mais vulneráveis serão mais afetadas pelo aumento do estresse hídrico, diz o relatório, já que milhões desses meninos e meninas já vivem em áreas com baixo acesso a água potável e saneamento.

O relatório também observa que:

  • Até 663 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a fontes adequadas de água e 946 milhões de pessoas praticam a defecação ao ar livre;
  • Mais de 800 crianças com menos de 5 anos morrem todos os dias em decorrência da diarreia associada à falta de água, saneamento e higiene;
  • Globalmente, as mulheres e as meninas gastam 200 milhões de horas coletando água todos os dias.

O impacto das mudanças climáticas sobre as fontes de água não é inevitável, diz o UNICEF. O relatório termina com uma série de recomendações que podem ajudar a conter o impacto das mudanças climáticas sobre a vida das crianças. Tais medidas incluem:

  • Os governos precisam planejar as mudanças na disponibilidade e demanda de água nos próximos anos. Acima de tudo, isso significa priorizar o acesso das crianças mais vulneráveis a água potável acima de outras necessidades de água para maximizar os resultados sociais e de saúde.
  • Os riscos climáticos devem ser integrados em todas as políticas e serviços relacionados a água e saneamento, e os investimentos devem visar às populações de alto risco.
  • As empresas precisam trabalhar com as comunidades para evitar a contaminação e o esgotamento de fontes de água potável.
  • As próprias comunidades devem explorar formas de diversificar as fontes de água e aumentar sua capacidade de armazenar água com segurança.

“Em um clima em mudança, devemos mudar a maneira como trabalhamos para alcançar aqueles que são mais vulneráveis. Uma das formas mais efetivas de fazer isso é proteger seu acesso a água potável”, disse Lake.


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