
NOTÍCIA

27 de março
Um teste de nossos sistemas, valores e humanidade
Pandemia de coronavírus é um teste de nossos sistemas, valores e humanidade
A alta-comissária da ONU para direitos humanos, Michelle Bachelet, e o alto-comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi, afirmam que a doença provocada pelo novo coronavírus, a Covid-19, é um teste não apenas de nossos sistemas, valores, humanidade e mecanismos de assistência médica para responder a doenças infecciosas, mas também de nossa capacidade de trabalharmos juntos como uma comunidade de nações diante de um desafio comum.
Se nós precisávamos lembrar que vivemos em um mundo interconectado, o novo coronavírus tornou isso mais claro do que nunca.
Nenhum país pode resolver esse problema sozinho, e nenhuma parcela de nossa sociedade pode ser desconsiderada se quisermos efetivamente enfrentar este desafio global.
As próximas semanas e meses desafiarão o planejamento nacional de crises e os sistemas de proteção civil — e certamente irão expor deficiências em saneamento, habitação e outros fatores que moldam os resultados de saúde.
Nossa resposta a essa epidemia deve abranger e focar, de fato, naqueles a quem a sociedade negligencia ou rebaixa a um status menor. Caso contrário, ela falhará.
A saúde de todas as pessoas está ligada à saúde dos membros mais marginalizados da comunidade. Prevenir a disseminação desse vírus requer alcance a todos e garantia de acesso equitativo ao tratamento.
As pessoas que vivem em instituições — idosos e crianças — provavelmente são mais vulneráveis à infecção e devem ser especificamente incluídas no planejamento e resposta à crise.
Migrantes e refugiados — independentemente de seu status formal — devem ser plenamente incluídos nos sistemas e planos nacionais de combate ao vírus. Muitas dessas mulheres, homens e crianças se encontram em locais onde os serviços de saúde estão sobrecarregados ou inacessíveis.
Eles podem estar confinados em abrigos, assentamentos, ou vivendo em favelas urbanas onde a superlotação e o saneamento com poucos recursos aumentam o risco de exposição.
O apoio internacional é urgentemente necessário para ajudar os países anfitriões a intensificar os serviços — tanto para refugiados e migrantes quanto para as comunidades locais — e incluí-los nos acordos nacionais de vigilância, prevenção e resposta. Não fazer isso colocará em risco a saúde de todos — e o risco de aumentar a hostilidade e o estigma.
Também é vital que qualquer restrição nos controles das fronteiras, restrições de viagem ou limitações à liberdade de movimento não impeça as pessoas que possam estar fugindo da guerra ou perseguição de acessar a segurança e proteção.
Além desses desafios muito imediatos, o coronavírus também testará, sem dúvida, nossos princípios, valores e humanidade compartilhada.
Espalhando-se rapidamente pelo mundo, com a incerteza em torno do número de infecções e com uma vacina ainda a muitos meses de distância, o vírus está provocando ansiedade e medos profundos em indivíduos e sociedades.
Sem dúvida, algumas pessoas sem escrúpulos procurarão tirar vantagem disso, manipulando medos genuínos e aumentando as preocupações.
Quando o medo e a incerteza surgem, os bodes expiatórios nunca estão longe. Já vimos raiva e hostilidade dirigidas a algumas pessoas de origem do leste asiático.
Se continuar assim, o desejo de culpar e excluir poderá em breve se estender a outros grupos — minorias, marginalizados ou qualquer pessoa rotulada como “estrangeira”.
As pessoas em deslocamento, incluindo refugiados, podem ser particularmente alvo. No entanto, o próprio coronavírus não discrimina; os infectados até o momento incluem turistas, empresários internacionais e até ministros nacionais, que estão localizados em dezenas de países, abrangendo todos os continentes.
O pânico e a discriminação nunca resolveram uma crise. Os líderes políticos devem assumir a liderança, conquistando confiança através de informações transparentes e oportunas, trabalhando juntos para o bem comum e capacitando as pessoas a participar na proteção da saúde.
Ceder espaço a boatos, medos e histeria não apenas prejudicará a resposta, mas poderá ter implicações mais amplas para os direitos humanos e para o funcionamento de instituições democráticas responsáveis.
Atualmente, nenhum país pode se isolar do impacto do coronavírus, tanto no sentido literal quanto econômico e social, como demonstram as bolsas de valores e as escolas fechadas.
Uma resposta internacional que garanta que os países em desenvolvimento estejam equipados para diagnosticar, tratar e prevenir esta doença será crucial para proteger a saúde de bilhões de pessoas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está fornecendo experiência, vigilância, sistemas, investigação de casos, rastreamento de contatos, pesquisa e desenvolvimento de vacinas. É a prova de que a solidariedade internacional e os sistemas multilaterais são mais vitais do que nunca.
A longo prazo, devemos acelerar o trabalho de construção de serviços de saúde pública equitativos e acessíveis. E a maneira como reagimos a essa crise agora, sem dúvida, moldará esses esforços nas próximas décadas.
Se nossa resposta ao coronavírus estiver fundamentada nos princípios de confiança pública, transparência, respeito e empatia pelos mais vulneráveis, não apenas defenderemos os direitos intrínsecos de todo ser humano; usaremos e criaremos as ferramentas mais eficazes para garantir que possamos superar essa crise e aprender lições para o futuro.
*Michelle Bachelet é a alta-comissária da ONU para direitos humanos. Filippo Grandi é o alto-comissário da ONU para refugiados. Este artigo foi originalmente publicado no site The Telegraph.
Últimas notícias

ECA: Tudo o que você precisa saber!
O ECA é o marco jurídico que assegura os direitos de crianças e adolescentes no Brasil. Leia o artigo e saiba mais!

Coletânea do B-R-O BRÓ: Conheça o sertão
A Coletânea do B-R-O BRÓ oferece uma imersão no sertão nordestino! Confira!

Mais de 7 mil pessoas alcançadas em uma semana de missão
De 19 a 25 de janeiro, Marcolândia (PI) recebeu a 23ª edição do Impacto Livres.

Histórias que Transformam: Os Impactos do Projeto Livre Ser
Confira as histórias do projeto Livre Ser! Leia o artigo.

Hiperatividade: Quais São os Sintomas e Como Identificar?
Descubra tudo sobre a hiperatividade! Leia o artigo.

Saúde mental e emocional: como alcançar qualidade de vida?
Confira os pilares essenciais para o bem-estar emocional e físico.
Compartilhe
Copiar linkMAIS LIDAS
Frutas do sertão: conheça os sabores do nordeste
Muitas vezes associamos o sertão com o sol quente e uma terra infrutífera. Mas isso não é verdade. A região norte e nordeste do Brasil, principalmente o sertão nordestino, produz algumas das frutas mais deliciosas que podemos encontrar em solo brasileiro.
O problema da seca e suas consequências
A importância do amor ao próximo
Se quiser ir longe, vá acompanhado
Clima do sertão: conhecendo melhor o sertão nordestino

INSCREVA-SE
Quer ficar por dentro de todas as iniciativas inspiradoras e progressos que estamos alcançando? Engaje-se conosco assinando nossa newsletter e receba informações exclusivas, histórias de impacto e oportunidades para fazer a diferença. Juntos, podemos construir um futuro melhor!