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NOTÍCIA

10 de junho

ESG para empresas. Uma conexão com o Terceiro Setor

O termo ESG ganhou grande visibilidade graças a uma preocupação crescente do mercado financeiro sobre a sustentabilidade. As questões ambientais, sociais e de governança passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos, colocando forte pressão sobre o setor empresarial.

 

A aparente novidade parece tirar o sono das organizações, que buscam entender o que é ESG e as adaptações necessárias para estar em conformidade com esta exigência. ESG não é uma evolução da sustentabilidade empresarial, é a própria sustentabilidade empresarial, como explicou o diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, Carlo Pereira.

 

Segundo relatório da PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões, em relação a 15,1% no fim do ano passado. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos. No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 – mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses. Este levantamento foi feito pela Morningstar e pela Capital Reset.

 

ESG em termos claros e objetivos

A sigla para Environmental, Social and Governance, ESG, ou, em português, Ambiental, Social e Governança é a responsabilidade que as empresas têm de gerar impacto positivo no mundo nessas três áreas. Uma empresa que segue as práticas ESG entende os impactos positivos do seu negócio, para potencializá-los, e também os negativos, para minimizá-los.

 

Em detalhes, segundo artigo publicado na Valor Econômico, Environmental ou Ambiental refere-se às práticas da empresa ou entidade voltadas ao meio ambiente. Entram aqui temas como aquecimento global; emissão de gases poluentes, como o carbono e metano; poluição do ar e da água; desmatamento; gestão de resíduos; eficiência energética; biodiversidade; entre outros.

 

Social tem a ver com a responsabilidade social e o impacto que as empresas e organizações têm sobre a comunidade. Respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas; segurança no trabalho; salário justo; diversidade de gênero, raça, etnia, credo, proteção de dados e privacidade; satisfação dos clientes; investimento social; e relacionamento com a comunidade local são assuntos elencados no item social de ESG.

 

Governance, ou Governança, está ligado às políticas, processos, estratégias e orientações de administração das empresas e entidades. Entram no tema conduta corporativa; composição do conselho e sua independência; práticas anticorrupção; existência de canais de denúncias sobre casos de discriminação, assédio e corrupção; auditorias internas e externas; respeito a direitos de consumidores, investidores e fornecedores, transparência de dados, boas práticas de gestão.

 

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O início do ESG como fator global

O termo ESG surgiu em 2004. Kofi Annan, secretário-geral da ONU à época, convidou 50 instituições financeiras globais a pensarem em como integrar ações ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais. O resultado foi um relatório do Pacto Global da ONU em parceria com o Banco Mundial chamado “Quem se importa, vence”, com objetivo de engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e ações anticorrupção. No fim, 20 instituições financeiras de 9 países aceitaram a proposta.

 

No mesmo período também foi lançado o relatório Freshfield pela UNEP-FI, documento da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas encomendado a um dos maiores escritório de advocacia do mundo, o Freshfields. A publicação analisou a importância da integração do ESG como uma forma de avaliar financeiramente uma empresa.

 

Sobre a evolução do ESG no Brasil, a Pacto Global, em parceria com a Stilingue, realizou um estudo inédito onde avaliou-se:
1- O cenário geral do ESG baseado na evolução temporal do tema, alertando para as mudanças registradas entre 2019 e 2020 e quais impactos desse movimento;
2- O contexto dos impactos considerando os 5 setores mais impactantes de acordo com os fatores ESG: Financeiro, Agronegócio, Energia, Alimentos e Bebidas, e Moda e Beleza;
3- As percepções acerca do ESG sob a ótica de dois grupos: proprietários e sócios de empresas, e CEOs e presidentes de conselhos.

 

Segundo o CEO da Stilingue, Rodrigo Helcer, “poucas marcas até o momento conseguiram explorar e se apropriar de mensagens receptíveis para o público. Esta análise nos permite dizer que as empresas têm uma grande oportunidade de explorar ações de suas marcas de forma mais contundente.”

 

Já para Carlo Pereira, CEO da Pacto Global, é perceptível uma busca crescente das empresas pela sustentabilidade. “Para gerar impactos positivos na sociedade e ter uma economia sólida baseada na cartilha ESG, precisamos do engajamento do maior número possível de empresas e de suas cadeias de valor”, reforça.

 

 

Como o ESG marca o mundo dos negócios

Para quem investe, as práticas ambientais, sociais e de governança costumam significar ganhos maiores. Uma pesquisa da PwC mostra que 79% dos profissionais de investimentos pesquisados consideram o ESG um fator importante na decisão de investimentos. Além disso, 66% deles sentem mais confiança em empresas que seguem essas práticas.

 

Grandes investidores vêm analisando as práticas sociais, ambientais e de governança das empresas antes de depositarem nelas: a confiança e o capital. Segundo pesquisa global com investidores institucionais realizada pela MSCI, as práticas ESG tomaram ainda mais relevância com a pandemia da Covid-19: 77% dos investidores entrevistados aumentaram seus investimentos em ESG de forma significativa.

 

Segundo o Decision Report, 68% dos negócios brasileiros têm estratégicas ESG em funcionamento em 2022, número 26% maior em relação ao ano anterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, os índices ESG mostram que as ações desse tipo de empresa tiveram um aumento entre 25,6% e 31,7% em 2021.

 

Algumas oportunidades de mercado e tendências comprovam que o investimento em ESG traz retorno às empresas. Veja:

– Como parte de sua estratégia de ampliação do portfólio de índices ESG, a B3 lançou, em setembro de 2020, em parceria com a S&P Dow Jones, índice S&P/B3 Brasil ESG, que utiliza critérios baseados em práticas ambientais, sociais e de governança para selecionar empresas brasileiras para sua carteira. Entre os critérios está a aderência aos 10 Princípios do Pacto Global na área de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção.

– O BTG Pactual lançou o ETF (ESGB11), fundo de índice negociado em bolsa que considera aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) das empresas constituintes. O ESGB11 replicará a carteira do índice S&P/B3 Brasil ESG.

– A maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, com mais de USD 6 trilhões em carteira, passou a incluir em 2020 métricas ESG, transversalmente, em todas as suas análises de riscos.

 

Indicadores de ESG

Existem diferentes indicadores e cada um deles tem suas próprias exigências para que uma empresa faça parte. Entenda quais são eles e os seus requisitos.

  • Índice Carbono Eficiente (ICOS B3): as ações não podem ser cotadas menos que R$ 1,00; a produção de inventários de emissão de gases de efeito estufa deve ser exigida; o valor de mercado dos papéis em circulação, a emissão de gases de efeito estufa e a receita para pesos de empresas são aspectos que devem ser levados em consideração; as empresas devem fazer parte das 100 ações mais negociadas da bolsa, sejam participantes do IBrX.
  • Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciadas (IGC B3): as ações devem valer, ao menos, R$ 1,00; a empresa deve estar listada no Novo Mercado ou nos níveis 1 e 2 da B3; a organização deve ter presença em pregão de 50% no período de vigência de 3 carteiras anteriores; o valor de mercado de ativos em circulação e o fator de segurança para pesos da organização devem ser analisados.
  • Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE): os papéis não devem ser inferiores a R$ 1,00; o preenchimento de questionário para temas ESG deve ser feito; as boas práticas ambientais, sociais e de governança devem ser adotadas; as empresas do índice devem estar entre as 200 ações mais líquidas da B3.

 

Como investir em ESG

No mercado encontra-se diferentes formas de investir em ESG: por meio de Fundos de Fundos (FoF) – que direcionam parte de seu capital a ações sustentáveis, ou por meio de investimentos em renda fixa.

 

Assim como em outras categorias de investimentos, também existe a possibilidade de se emitir títulos de dívida, os chamados Títulos Temáticos ESG, para atrair capital para projetos que tenham um real e positivo impacto socioambiental.  Esses títulos são divididos de acordo com seus propósitos:

  • Títulos Verdes (Green Bonds): investimentos relacionados a energia renovável; prevenção e controle de poluição; conservação da biodiversidade etc.;
  • Títulos Sociais (Social Bonds): direcionados a projetos de geração de empregos, segurança alimentar, infraestrutura básica, e outros;
  • Títulos de Sustentabilidade (Sustainability Bonds): investimentos em projetos que combinam ações “green” e “social” – socioambiental.

 

Empresas que têm como objetivo alcançar metas ESG podem emitir Títulos Vinculados à Sustentabilidade (Sustainability-Linked-Bonds), desde que tenha essas métricas de sucesso (KPIs) bem definidas.

 

 

ESG e a conexão entre as Pessoas e o Terceiro Setor

O que você tem a ver com isso? Para consumidores, o ESG garante produtos e serviços com maior qualidade, e que geram danos mínimos ao meio ambiente e à sociedade. Além disso, empresas com essas práticas conseguem se comunicar melhor com os seus clientes, garantindo um atendimento mais transparente.

 

O cenário atual exige uma atuação cada vez maior e mais eficiente por parte dessas organizações, que padecem pela falta de investimentos cada vez mais restritos devido à priorização de outras questões por parte dos investidores. Mas, são inúmeros os incentivos fiscais para empresas que investem em projetos sociais por meio delas. E engana-se quem pensa que as vantagens são apenas financeiras. Há um ganho em imagem que agrega valor ao branding perante o público.

 

Um estudo realizado pelo Instituto Ipsos, em setembro de 2019, mostrou que os consumidores preferem comprar de empresas que investem em causas sociais. E entre as causas preferidas citadas, 63% das pessoas escolhem aquelas que investem em educação e oportunidades de aprendizagem.

 

Empresas que optam por investir em uma organização que atua nessa área terão um diferencial competitivo. O mundo corporativo precisa aproveitar a força que a responsabilidade social agrega para conseguir mais clientes e fidelizar os que já existem. Isso porque as ações sociais vêm crescendo e a consciência social se tornou mais presente na vida das pessoas, especialmente por conta das redes sociais.

 

O doutor e pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Fernando do Amaral Nogueira, aponta a relevância das OSCs para as empresas. Segundo ele, elas podem ajudar, trazendo seu conhecimento e legitimidade, trabalhando junto e fazendo esse meio de campo entre a empresa e as necessidades da sociedade. Em sua visão, trabalhar junto com as organizações sociais ajuda as empresas a evitarem erros, com a melhor das intenções, como doar coisas que uma escola não precisa ou começar a atuação em uma comunidade sem fazer um diagnóstico daquele meio antes.

 

Além disso, fazer investimentos em doações para OSCs aumenta o valor da marca e ela passa a se promover por si mesma, gerando mais visibilidade. Ao ser parceira do terceiro setor, a marca ainda desperta um senso de empatia entre o seu público, engajando-o ainda mais para se tornar embaixador dela.

 

As boas práticas de ESG estão para seus resultados de forma cíclica com a consciência e atuação das corporações, pessoas, entidades sociais e líderes. Os resultados serão por vezes maiores quanto mais conjuntamente a sociedade se engajar e se comprometer com uma sociedade mais sustentável, justa e inclusiva.


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